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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Nossa Grandiosa Vizinha Andrômeda


Igor Yuri (Monitor OAFR)
19/02/09

Introdução

Um imenso grupo de estrelas, como também poeira cósmica, gases e outros, interagindo gravitacionalmente, constituem o que chamamos de galáxia. As galáxias podem possuir centenas de bilhões de estrelas e estima-se a existência de bilhões delas no Universo. Mas esses grandes conjuntos de corpos celestes nem sempre foram interpretados dessa maneira pelos astrônomos com o passar dos séculos. Antes do século XX acreditava-se que a Via Láctea – a galáxia onde está o Sistema Solar – englobava tudo o que existe no Universo. Foi necessário muito tempo até que descobríssemos que a Via Láctea não é tudo, existindo objetos celestes muito distantes e maiores que a mesma. Ou seja, outras galáxias.

O grupo onde estamos

Ao contemplarmos a beleza proporcionada pelo céu noturno, exibindo uma infinidade de estrelas distribuídas na Esfera Celeste, é provável que alguma vez na vida já pensamos que essa vastidão de pontos brilhantes se espalha em todas as direções até o infinito. Mas na verdade, caro leitor, a estrutura organizacional do Universo é mais do que estrelas distribuídas em todas as direções de maneira desordenada. Como já mencionado, sabe-se atualmente que as estrelas estão organizadas em imensos grupos, constituindo o que chamamos de galáxias. Que por sua vez podem ter centenas de bilhões de estrelas. Todas as estrelas que vemos a olho nu fazem parte da Via Láctea. Esta pertence a um aglomerado de galáxias com cerca de 40 membros, denominado Grupo Local. Nesse grupo, as maiores galáxias são Via Láctea (também chamada de Galáxia – iniciada com gê maiúsculo), Andrômeda e Triângulo. A galáxia de Andrômeda, situada a aproximadamente 2,5 milhões de anos-luz da Terra, é o objeto celeste mais distante visível a olho nu. O ano-luz é uma unidade de comprimento usada em Astronomia, sendo que 1 (um) ano-luz equivale à distância que a luz percorre durante 1 (um) ano viajando no vácuo – algo próximo de 9,5 trilhões de quilômetros –.

De nebulosa a galáxia

Muitos objetos extensos e difusos observados antes do século XX foram chamados de "nebulosas". Objetos como aglomerados estelares, nebulosas planetárias e até mesmo galáxias hoje conhecidas (chamadas de “nebulosas espirais” naquela época) foram colocados na categoria de nebulosas. Aproximadamente 15 mil nebulosas estavam catalogadas até o início daquele século. Várias delas eram de fato aglomerados de estrelas ou nebulosas de gás e poeira. Contudo, ainda não se compreendia muito bem o que realmente eram as “nebulosas espirais”. Esta figura mostra a galáxia Triângulo (M33 ou NGC 598), na constelação do Triângulo, a aproximadamente 2,9 milhões de anos-luz da Terra; o aglomerado estelar globular Ômega Centauro (NGC 5139), na constelação de Centauro, a aproximadamente 15 mil anos-luz; a nebulosa da Lagoa (M8) na constelação de Sagitário, localizada a cerca de 5 mil anos-luz da Terra.

Da esquerda para a direita: M33, NGC 5139 e M8 (Imagens: Robert Gendler)

Os astrônomos discordavam entre si quanto ao fato das “nebulosas espirais” pertencerem a Via Láctea ou não. A grande dificuldade era conhecer a distância entre nós e esses objetos. Na década de 1920 o astrônomo estadunidense Edwin Powell Hubble (1889-1953), usando o telescópio de Mount Wilson, Califórnia, Estados Unidos, identificou uma Cefeida na “nebulosa espiral” Andrômeda. Cefeida é uma estrela variável, sendo o período de variação do brilho proporcional ao seu brilho absoluto. Usando a relação entre luminosidade e período de variáveis Cefeidas da Via Láctea e medindo o brilho aparente da Cefeida situada em Andrômeda, Hubble obteve a distância entre nós e a “nebulosa espiral”, encontrando, segundo a equipe de Cosmic Times, do site Imagine the Universe!, NASA, um valor próximo de 900 mil anos-luz. Essa distância ultrapassava os limites da Via Láctea que, na época, de acordo com os trabalhos do astrônomo estadunidense Harlow Shapley (1885-1972), possuía aproximadamente 300 mil anos-luz de diâmetro. Com essa descoberta as chamadas “nebulosas espirais” passaram a ser consideradas sistemas independentes, constituindo outras galáxias. A partir daí, a Via Láctea não mais englobava tudo o que existe no Universo, sendo apenas uma entre bilhões de galáxias distribuídas pelo espaço.

A Andrômeda que conhecemos hoje

Catalogada como M31 no catálogo Messier e NGC 224 no Novo Catálogo Geral (do inglês New General Catalogue), a galáxia de Andrômeda está situada na constelação com esse mesmo nome e, como já mencionado, a uma distância de aproximadamente 2,5 milhões de anos-luz da Terra. Isso significa que a Andrômeda que vemos hoje é aquela de 2,5 milhões de anos atrás, pois a luz que sai dessa galáxia e nos possibilita enxerga-la demorou todo esse tempo para chegar até aqui. Com mais de 200 mil anos-luz de diâmetro, mais que o dobro do diâmetro da nossa Galáxia (com cerca de 100 mil anos-luz), M31 é um dos membros com maior massa do Grupo local, ao lado de Via Láctea e Triângulo. O grande tamanho de Andrômeda talvez possa também ser atribuído a uma possível captura, ao longo de bilhões de anos, de matéria (como gás, poeira e estrelas) de galáxias menores próximas a ela.

A próxima imagem exibe Andrômeda com seus braços espirais partindo de uma região central protuberante denominada bojo ou núcleo galáctico, sendo essa uma forte característica para classificá-la como uma galáxia espiral. As estrelas desse tipo de galáxia orbitam o bojo, podendo levar centenas de milhões de anos para dar uma volta completa ao redor dele.

Galáxia de Andrômeda (M31 ou NGC 224) (Imagem: Robert Gendler)

Centenas de bilhões de estrelas pertencentes à M31 são a causa da luz difusa vista na imagem. Na parte inferior e à direita do centro da galáxia está M110 e um pouco acima e à esquerda do mesmo centro, bem na borda da galáxia, encontra-se M32. Ambas galáxias satélites de Andrômeda. Os demais pontos luminosos que estão isolados em torno de M31 são estrelas da nossa Galáxia.

Observando Andrômeda

Para apreciar a beleza desta galáxia, saiba que ela pode ser vista a olho nu na constelação de Andrômeda. Porém, ao observar sem nenhum instrumento, M31 parecerá uma mancha esbranquiçada, muito pequena, no céu. A Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães também são galáxias que podemos ver a olho nu e, assim como elas, Andrômeda pode ser melhor observada com uso de telescópios de maior abertura, de modo que maior quantidade de luz seja captada deste objeto pouco luminoso quando visto da Terra.

As figuras abaixo mostram a constelação de Andrômeda. Na primeira vemos a constelação representada artisticamente, com as estrelas no fundo. Já na segunda figura observamos apenas as estrelas da constelação. Em ambos os casos, suas estrelas mais brilhantes estão ligadas por segmentos vermelhos.

Constelação de Andrômeda. Abaixo e à esquerda, parte da constelação de Peixes. Acima e à direita, parte da constelação de Cassiopéia. (Imagem obtida no Stellarium 0.9.1)

Constelação de Andrômeda. Abaixo e à esquerda, parte da constelação de Peixes e, mais acima, constelação do Triângulo. Acima e à direita, parte da constelação de Cassiopéia. (Imagem obtida no Stellarium 0.9.1)

Para localizar M31, observe uma estrela mais brilhante chamada Beta de Andrômeda (conhecida como Mirach). Nas figuras acima é um ponto “grande” e amarelado. Após isso, observe um pouco mais à direita de Mirach uma mancha muito pequena, semelhante a uma estrelinha difusa. Pois bem, essa é a galáxia de Andrômeda! Nas imagens, M31 está bem no centro da “mira” com bordas azuis.

É importante lembrar que dependendo da data, do horário e do local onde se observa a constelação de Andrômeda, nem sempre M31 estará à direita de Mirach. Isso ocorre porque a constelação como um todo pode variar seu ângulo em relação à posição em que se encontra nas figuras acima, de acordo com a localização do observador na superfície da Terra e com a data e horário da observação. Por isso, pode ser que no momento da observação, a galáxia de Andrômeda esteja, por exemplo, mais abaixo ou mais acima da posição vista nas imagens.

Se você for usar um telescópio e quiser apontá-lo consultando as coordenadas, abaixo está a localização de Andrômeda no sistema equatorial.

Ascensão Reta: 0h43m22s Declinação: +41º22’15’’

Qualquer que seja a maneira usada para observar Andrômeda, essa galáxia é sempre uma maravilha no céu noturno. Além de toda a sua beleza, M31 nos mostra que nossa Galáxia é apenas um entre tantos “pequenos universos” distribuídos por todo esse espaço de dimensões inimagináveis.

Fonte: http://www.observatorio.ufmg.br/dicas11.htm

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